Por Direito de Ouvir

31 de July de 2018

Problemas Auditivos podem alterar o Paladar

Veja o que isso influencia na obesidade

31 de July de 2018


Visão, audição, paladar, tato e olfato. Esses são os cinco sentidos que permitem que os seres humanos interajam com o mundo externo. Todas essas capacidades atuam em conjunto e estão relacionadas entre si.

Um exemplo disso é a ligação entre paladar e audição. A princípio pode parecer estranho, mas acredite: o sistema auditivo humano pode interferir no sabor dos alimentos ingeridos.

É o que aponta uma série de pesquisas para estudar a ligação entre cirurgias no ouvido e problemas auditivos com alterações no paladar. Conhecer como funciona o corpo humano é fundamental para compreender os resultados das pesquisas.

Para reconhecer os sabores – amargo, doce, salgado e ácido – o cérebro recebe informações sobre o alimento. Existe um nervo, chamado corda do tímpano, que conecta o ouvido médio com as papilas gustativas. Essas últimas, são as responsáveis por identificar o sabor e enviar a informação ao cérebro.

Logo, paladar e audição estão interligados e quando alguma doença ou infecção acomete o ouvido pode ter reflexos ao saborear os alimentos.

Estudo

Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que é comum acontecer o que se chama de distúrbio do sabor após cirurgias no ouvido médio.

A pesquisa examinou as funções gustativas de 163 orelhas de 156 pacientes que passaram por intervenção cirúrgica na orelha média. As doenças foram classificadas em não inflamatórias (como perfuração pós-traumática e otosclerose), otite média crônica e colesteatoma.

Os testes foram realizados dois dias antes, duas semanas e seis meses após o procedimento. Foi constatado que a corda do tímpano é frequentemente danificada durante os procedimentos cirúrgicos na orelha média e que a maioria dos pacientes sofreram alterações no paladar.

No entanto, os reflexos do paladar não recebiam a devida atenção porque os médicos consideravam a melhora da audição mais importante na recuperação do paciente.

A recuperação do paladar após a cirurgia no ouvido sofre forte influência da idade. Pacientes idosos têm mais dificuldade em recuperar as funções do paladar do que os pacientes jovens e adultos. É importante ressaltar que a capacidade gustativa tende a diminuir naturalmente com o envelhecimento.

Outro fator que interferiu nos resultados foi o tipo da doença. Os pacientes identificados com doenças não inflamatórias se recuperaram mais lentamente do que os pacientes com otite crônica e colesteatoma.

Dor de ouvido

A capacidade do paladar também pode ser prejudicada por causa de dores no ouvido. Isso acontece porque a dor de ouvido ou otite média causa inchaço na região e interfere no funcionamento da corda do tímpano.

A otite média é um problema auditivo causado por vírus e bactérias que provocam inflamações no canal auditivo. Geralmente acontece após períodos de gripes, resfriados e infecções na garganta ou sistema respiratório. Se não for tratada corretamente pode causar perda de audição.

As alterações no paladar causadas pela dor de ouvido são mais comuns em crianças, já que elas estão mais propícias a adquirir infecções.

Um estudo realizado na Austrália constatou que grande parte das crianças que possuíam distúrbios no paladar também apresentavam dores no ouvido. No país, uma a cada dez crianças não possui a capacidade de diferenciar os sabores doces, salgados, amargos ou azedos.

Casos de dor de ouvido associada à perda de paladar podem ser tratados com hormônios, vitaminas, cirurgia e estimulação magnética no cérebro. É importante que o problema seja contornado ainda na infância para evitar que os danos no paladar sejam irreversíveis.

Obesidade

Uma série de estudos apresentados pela Associação Americana de Psicologia Escócia comparou a relação entre a saúde geral e a percepção do paladar em adultos e crianças. Os resultados apontaram que pessoas que sofreram com infecções crônicas de ouvido têm mais chances de serem obesas.

Isso ocorre porque as infecções alteram a percepção dos sabores e também a preferência alimentar. A tendência é que as pessoas que tiveram problemas auditivos prefiram alimentos mais gordurosos, como massas, pizzas, batatas fritas ou hambúrguer.

A pesquisa analisou quase 7 mil pessoas com idades entre 16 e 92 anos e descobriu que indivíduos que possuíam um histórico de infecções no ouvido graves ou moderadas apresentavam 62% mais chances de serem obesas.

Um fator que pode contribuir na preferência alimentar de uma pessoa é o procedimento de remoção das amígdalas. O método era recomendado pelos médicos para resolver repetidas infecções de ouvido em crianças. Hoje em dia, o procedimento não é muito utilizado mas era bastante comum nas décadas de 1960 e 1970.

Distúrbios do paladar

Algumas pessoas já nascem com alterações no paladar. Mas, na maioria dos casos, as alterações são causadas por lesões e doenças. Nesses casos, além das doenças e cirurgia nos ouvidos, podem ser apontadas infecções no sistema respiratório, radioterapia para câncer de cabeça e pescoço, exposição a alguns produtos químicos, uso de antibióticos e anti-histamínicos, traumatismo craniano, cirurgia no nariz ou garganta, problemas dentários e má higiene bucal.

Os distúrbios do paladar podem acontecer em relação à qualidade ou quantidade do sabor percebido.

O mais comum é o sabor fantasma, ou seja, quando a pessoa sente um sabor persistente mesmo quando não tem nada na boca. Também existe a hipogeusia, que é a menor capacidade para sentir e identificar os sabores como doce, azedo, amargo ou salgado. Nesse caso, a pessoa sente um gosto metálico ou de sujeira constantemente. O caro mais raro é a ageusia, que significa a incapacidade total de sentir gostos.

Quando a causa é diagnosticada, os distúrbios alimentares podem ser tratados e solucionados. No caso de pacientes com problemas auditivos, o paladar costuma voltar ao normal em até dois anos após a cirurgia.

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