Perda Auditiva e Relações Sociais
O que acontece e como lidar?
A grande questão da deficiência auditiva é que a pessoa, muitas vezes, escuta, porém não entende algumas palavras ou até sons específicos. Isso pode parecer um problema pequeno, quando na verdade não é tão simples assim.
A deficiência auditiva na educação interfere no processo de aprendizagem, porque, se eu tenho dificuldade para entender a oralidade de maneira adequada, muita informação é perdida, sem contar que, num modelo de sala de aula presencial ou ainda que à distância, fatores externos bem como ruídos do ambiente, conversas paralelas, distância entre aluno e professor, atrapalham a concentração desse estudante.
Outro fator importantíssimo é que a audição está intrinsecamente relacionada à atenção, uma habilidade que todos nós necessitamos para aprender.
A deficiência auditiva no mercado de trabalho acontece, principalmente, quando a pessoa se relaciona com o público, atendendo outras pessoas. Mas até aqueles que não têm muito contato pessoal, em algum momento necessitam dialogar com alguém, nem que seja por um telefonema.
A tendência é que a pessoa com deficiência auditiva pergunte algumas vezes a mesma questão, fazendo com que se sinta envergonhada em dizer que não entendeu. Diante de algumas situações, ele pode chegar a entregar um produto ou serviço errado por questões de “comunicação inadequada”, ou seja, afetando a qualidade do serviço daquele profissional, podendo perder sua credibilidade.
Comumente vejo familiares de pessoas com perda auditiva interrompendo-as em conversas, falando sobre ela ou ele sem permitir que a própria pessoa se posicione por não escutar direito. A tão comum impaciência, deixa-os de lado em ocasiões sociais, levando a situações de isolamento ocasionado pela própria pessoa, por sentir-se incapaz de se comunicar.
É uma questão muito séria, são consequências sociais da perda auditiva que podem provocar fatores emocionais, principalmente para aqueles que gostam de interagir e comunicar-se com as pessoas.
Não ouvir bem o toque da campainha ou o telefone gera um desconforto, o volume alto da televisão pode provocar mais conflitos entre familiares. Além disso, é possível também acontecer situações de risco de vida, como, por exemplo: não ouvir buzinas, ter dificuldade em saber de onde vem os sons ou incidentes domésticos.
Então, como lidar com a perda auditiva?
É mesmo muito complexo. Para isso acontecer, é importante primeiramente ter paciência e empatia para compreender que muitas questões incômodas podem estar relacionadas ao fato de não ouvir bem e, claro, procurar soluções para os problemas que surgirem.
Buscar o diagnóstico é um passo importantíssimo, indo ao otorrinolaringologista que encaminhará o paciente para fazer os exames adequados às queixas apresentadas. O exame mais comum para detectar a perda auditiva é a audiometria tonal e vocal realizado por um fonoaudiólogo (a). Constatando a perda auditiva e descartando outros problemas de saúde que possivelmente vêm afetar a saúde auditiva (por isso a necessidade da consulta médica), inicia-se o processo de teste com aparelhos auditivos.
Hoje, esse é o tratamento mais eficaz para os casos de deficiência auditiva, por possuir variadas soluções tecnológicas que proporcionam mais qualidade de vida às pessoas com perda auditiva.
O tipo e grau da perda, idade e estilo de vida, são fatores que interferem na seleção do/dos dispositivos auditivos. Estes são de uso individual, pois são configurados conforme o exame audiométrico e como a pessoa prefere perceber o som a partir do primeiro contato com o(s) aparelho(s).
Após começar a usar aparelhos auditivos, a qualidade de vida das pessoas com perda auditiva tem uma melhora fantástica e consequentemente suas relações com as outras pessoas que convivem com elas.
Como lidar com quem tem deficiência auditiva?
É crucial dialogar olhando nos olhos, articular bem a boca ao falar para que os sons sejam mais claros e numa velocidade adequada. Perguntar sempre se a pessoa está fazendo uso dos aparelhos e incentivar esse uso frequente em todos os ambientes possíveis.
Os direitos da pessoa com deficiência auditiva são diversos, bem como o passe livre em transporte público se a renda per capta familiar for equivalente a um salário mínimo, isenção de impostos, meia entrada em eventos esportivos e culturais, incluindo acompanhante, dentre outros.
É direito de todas as pessoas ter qualidade de vida!
Faz sentido?
Fonoaudióloga Marília Vasconcelos
CRFª: 4-12247