Por Direito de Ouvir

07 de March de 2019

8 de março – Dia Internacional da Mulher

De origem histórica, a data vem para celebrar as conquistas e movimentos sociais femininos

07 de March de 2019


Em 1909, foi implantado a primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher nos Estados Unidos. Isso se deu de acordo com os movimentos políticos e sociais oriundos de uma batalha de direitos que antes não eram concebidos igualmente para as mulheres. Apesar do reconhecimento da igualdade de gênero ser uma das pautas atuais do século XXI, ainda é possível encontrar discriminações em diversos âmbitos da sociedade, um deles é o ambiente de trabalho.

Mercado de trabalho

No Brasil, é constatado que a porcentagem de mulheres com nível superior é muito maior comparado com à porcentagem dos homens, apesar disso, ainda é pequena a parcela de mulheres assalariadas. Mesmo com a jornada de trabalho fora, o tempo dedicado a afazeres domésticos e de maternidade é muito maior que a dos homens – 18 e 10 horas, respectivamente – diminuindo a qualidade de vida.

Mulheres com deficiência são as maiores prejudicadas para uma possível contratação. De acordo com uma pesquisa realizada pela i.Social – que trabalha com o acesso à inclusão de pessoas com deficiência em empresas – a grande massa do mercado de trabalho só dá suporte para um possível emprego para portadores de necessidades especiais por conta da Lei de Cotas que foi implantada em 1991.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que em 2017, o número de brasileiros portadores de alguma deficiência física seja ela do tipo visual, auditivo, motora ou intelectual correspondem a 45,6 milhões da população do país, sendo 25,8 milhões pessoas do sexo feminino.

Mulheres sem quaisquer tipos de necessidades especiais representam no mercado de trabalho 61,1%, enquanto os homens correspondem a 81,8% de cargos ocupados em empresas. Quando apresentado algum tipo de deficiência, esses números caem de 56,4% para homens e 43,1% para mulheres.

Essas estatísticas mostram a importância de celebrar o dia 8 de março para que as pessoas se mostrem atentas de que ainda é necessário debater e conquistar direitos femininos e celebrar as conquistas de direitos sociais e políticos durante décadas.

O movimento

Apesar do simbolismo da data (comumente representada por chocolate e flores), a luta por igualdade e direitos ainda deve ser presente. O movimento teve sua primeira conquista histórica em 1917, onde mulheres russas protestaram em Moscou pelo fim da Primeira Guerra Mundial e a revogação do regime czarista, que posteriormente viria a marcar o início da Revolução Russa. Quatro dias após o protesto, as mulheres conseguiram o direito ao voto.

Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU), celebrou pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher, expandindo para outros territórios a comemoração da data que antes só era reconhecida pelos Estados Unidos.

Neste ano, a ONU Mulheres divulgou que o tema para a celebração do dia 8 de março é “Pensemos em Igualdade, Construção com Inteligência e Inovação para a Mudança”. O tema é oriundo dos parâmetros de proteção social, acessibilidades à serviços públicos, e melhor estrutura no que diz respeito à mulher em sociedade e seu empoderamento.

Dia da Mulher no Brasil

No país, o início da conquista de direitos pelas mulheres brasileiras começou no início do século 20 através de movimentos anarquistas que reivindicavam mais espaço e melhores oportunidades para mulheres no mercado de trabalho e em outros âmbitos da sociedade.

Os protestos ganharam ainda mais força com o movimento como o das sufragistas, que teve seu início na década de 1920 e 1930, instaurando o poder de voto da mulher em 1932, em uma Constituição assinada por Getúlio Vargas.

Na década de 1970, os debates e protestos em buscam de igualdade de gênero e segurança tomaram forças ainda maiores e começaram a surgir organizações especificamente voltadas para o bem-estar físico e mental da mulher. Algumas pautas como feminismo, igualdade salarial, sexualidade e violência contra a mulher tiveram maior relevância a partir dessa data.

A partir de 1982, a luta pelo direito da mulher começou a ser debatida pelo Estado, firmando as políticas públicas para pessoas do sexo feminino. Desse diálogo entre sociedade e estado, nasceu o Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo.

Posteriormente, houve a criação da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Maternidade

Outro ponto crucial que ainda é debatido por movimentos feministas é a maternidade. De maneira histórica, a mulher teve seu papel definido como “do lar” e “da família”, originalmente ligados a questão da maternidade. Apesar desse percurso natural na vida de uma mulher, ter um filho pode fazer com que a mesma perca oportunidades de trabalhos.

Segundo o economista da Universidade de Princeton, Henrik Kleven, o fato de que as mulheres sempre ganharam um salário inferior aos homens está diretamente ligado ao fato delas terem filhos. Isso acontece devido às empresas relatarem que o rendimento da mulher pode despencar depois de sua primeira gestação.

Outros estudos realizados por universidades dos Estados Unidos, constataram que a queda salarial entre homens e mulheres não está só atrelado a desigualdade de gênero mas também com a maternidade, e que mulheres sem filhos conseguem se igualar ao mesmo rendimento salarial de um homem dentro de uma empresa.

Desigualdade de gênero

O patriarcado, instituição designada ao poder do homem sobre as mulheres, colocou o sexo feminino em um poder hierárquico baixo e até hoje ainda pode ser observado as marcas históricas que foram enraizadas na sociedade.

Ao longo do tempo, com os debates e criações de organizações a favor das mulheres, os rumos de um processo patriarcal foram se alterando, mas os reflexos ainda estão presentes. Feminicídio, assédio verbal, psicológico e sexual, desigualdade de gênero, e maternidade compulsória são um dos aspectos que estão fixados nos dias atuais e precisam de mudanças extremamente radicais.

O Dia Internacional da Mulher, apesar de ser um dia simbólico, também deve ser visto como uma data de luta e reflexão. A conjuntura atual da sociedade ainda está repleta de falhas que precisam ser moldadas para que o ambiente se torne mais seguro para as mulheres. Não é apenas um dia, mas um marco histórico para as gerações que lutaram pelo seu direito de existir e para as que ainda estão por vir.


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