Cuidados que devemos tomar com a pré-moldagem!
A moldagem é uma técnica necessária para uma boa adaptação de alguns aparelhos auditivos.

Há mais de 20 anos pré-moldando pacientes, ainda sinto
uma certa tensão ao realizar este procedimento. Acredito que essa tensão é
benéfica, pois traduz o peso da responsabilidade ao realizar este procedimento
que, quando cercado de cuidados, não expõe o paciente a nenhum risco e, como consequência,
oferece a execução um molde perfeito para a anatomia e solução de
cada queixa.
Para realizar a pré-moldagem, primeiramente é necessária
uma anamnese ou “bate papo” com o paciente a fim de que se conheçam. É
importante ouvir a história da perda auditiva, para conseguir traçar os possíveis
procedimentos executados nesta orelha que será moldada.
Infecções recorrentes por exemplo, podem sugerir atos
cirúrgicos onde a estrutura anatômica poderá ter sofrido interferências, como
na incidência de uma mastoidectomia. Nesse caso, acredito que seria a situação
de maior atenção para moldagem, pois não há um padrão anatômico, o que
necessitaria da habilidade do audiologista em identificar a anatomia atual e
adequar a moldagem para que seja segura e eficiente.
Fora essa situação extrema, temos que perceber se o
conduto auditivo externo (CAE) obedece ao “padrão” comum ou se possui alguma
anatomia original que propicie a retenção do molde. Fazendo uma inspeção minuciosa
com o otoscópio é possível traçar esses pontos.
Assim que identificado a anatomia do paciente,
introduzimos o bloqueio “otoblock” atingindo preferencialmente uma profundidade
que determine ao protético um espaço adequado para confecção do material
solicitado.
Uma pergunta muito comum é se existe a possibilidade de
perfurar de membrana timpânica nesse procedimento. E a resposta é sim, visto
que há uma introdução de material dentro do CAE, no entanto, esse risco é
perfeitamente mensurado e anulado, quando o audiologista introduz o bloqueio de
forma eficiente e com o cuidado necessário.
Outra queixa comum está relacionada a dor ao moldar ou
retirar a massa. Para esses casos, acredito que possam ser amenizadas com os
seguintes cuidados:
·
O
bloqueio deve ser eficiente, porém não deve ser excessivo. Uma vez que se
utiliza um bloqueio denso demais o ar que ocupa o espaço entre a membrada e o bloqueio
será comprimido trazendo desconforto ao paciente. Utilize um tamanho de
bloqueio suficiente para vedar o conduto sem excessividade, assim a compressão
será menor.
·
Vale
ressaltar que devemos introduzir a massa lentamente para não aumentar a
compressão. Também nesse raciocínio, não devemos pressioná-la quando já
introduzida no CAE e pedir para o paciente fazer movimentos de mastigação
durante a moldagem propicia movimento de condilo (necessário para uma boa
adaptação), porque alivia a sensação de oclusão durante a moldagem.
·
Para
retirar a massa já endurecida, puxe a hélice para criar abertura de entrada de
ar e deslocamento do molde, e gire levemente o molde puxando-o para fora. Em
orelhas sinuosas a passagem do molde já endurecido em curvas acentuadas pode causar
desconforto no paciente, por isso a retirada do molde deve ser feita de forma
cuidadosa e delicada.
A moldagem é uma técnica necessária para uma boa
adaptação de alguns aparelhos
auditivos. Assim, se torna
necessária em muitos casos.
Cabe ao audiologista buscar a melhor adaptação para esse paciente, independente se o
aparelho necessita ou não de moldagem, afinal não há profissional mais
capacitado para tal.
Além disso, é o
paciente acredita e deposita toda a sua confiança em você e no seu trabalho,
por isso, uma boa adaptação depende de sua disponibilidade a habilidade em
estudar o caso e ponderar sobre qual modelo e solução indicar!
Fonoaudióloga Andréa Varalta Abrahão
CRFª:2-12414