Por Direito de Ouvir

25 de January de 2017

Perda de visão aprimora a audição

Estudo aponta que redução da visão pode melhorar processamento auditivo

25 de January de 2017


Um estudo publicado pela revista Neuron, analisou a relação entre a visão e a audição no cérebro. A conclusão foi de que a redução da visão de uma pessoa por apenas uma semana pode ajudar o cérebro a melhorar sua capacidade de processar os sons.

No estudo feito por um professor de neurociências e um biólogo foi possível descobrir, juntamente com outros pesquisadores, que ao impedir a visão de forma temporária fez com que o cérebro adulto modificasse seus circuitos para processar melhor os sons. Esse fato, segundo eles, poderia ajudar a recuperar a percepção do som em pacientes que receberam implantes cocleares.

Cegueira x capacidade de entender sons

Durante o experimento ratos adultos saudáveis foram colocados em um ambiente escuro para simular cegueira e as respostas a alguns sons. Após uma semana compararam as respostas e a atividade cerebral com as de outro grupo de ratos que foram mantidos em um ambiente iluminado de forma natural.

Ao longo do período do estudo, os cientistas expuseram os ratos a testes de som com notas musicais com o objetivo de observar as respostas dos neurônios individuais no córtex auditivo - uma parte do cérebro que é dedicada exclusivamente à audição. Dessa maneira, eles puderam analisar  os neurônios da camada do meio do córtex auditivo, que recebe sinais a partir de uma região de substância cinza do encéfalo, considerada uma central de informação e integração de sinais do cérebro.

Acreditava-se que os neurônios nesta camada do córtex auditivo não fossem flexíveis em adultos. No entanto, os ratos que foram privados de luz por uns dias apresentaram mudanças na região. Os neurônios testados foram ativados mais rapidamente e com mais força quando as notas eram tocadas, foram mais sensíveis aos sons quase imperceptíveis e conseguiram distinguir melhor os sons. Eles também desenvolveram mais sinapses, ou conexões neurais, entre o tálamo e o córtex auditivo.

 Como as mudanças ocorreram no córtex, que possui a mesma estrutura na maioria dos mamíferos, os cientistas acreditam que a flexibilidade nos sentidos pode ser uma característica do cérebro dos mamíferos.

No final da experiência foi possível encontrar uma alteração nos circuitos cerebrais dos ratos que ficaram no ambiente escuro, especificamente na área que processa o som e permite uma percepção consciente do tom e o volume dos sons. Quando novamente expostos a ciclos normais de obscuridade e luz, os roedores não mostraram diminuição de acuidade visual, porém ouviam bem melhor do que antes da experiência.

Os músicos Stevie Wonder e Ray Charles, ambos cegos, também foram citados nos estudos como exemplos de como a cegueira pode acentuar a audição.

Relação entre visão e audição

Pesquisas que investigam a relação entre visão e audição podem ser positiva para ajudar no tratamento de síndromes que envolvem estes dois sentidos. Uma delas é a síndrome de Usher. Ainda bastante desconhecida, essa doença de origem genética associa a surdez com a perda gradual da visão. Ela é considerada a principal causa de deficiência auditiva combinada com cegueira no mundo.

Nesta síndrome, a perda auditiva é resultado de uma mutação genética que afeta as células nervosas da cóclea, órgão do ouvido interno que também é responsável pelo equilíbrio. Um defeito genético também pode afetar bastonetes e cones, células fotorreceptoras da retina que são responsáveis ​​pela conversão da luz em impulsos elétricos que são levados até o cérebro. Saiba mais!

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