Por Direito de Ouvir

23 de March de 2017

Saiba identificar sinais de atraso de fala

Demora no diagnóstico do atraso da fala pode causar problemas futuros

23 de March de 2017


A falta de atenção de pais e pediatras podem causar sérios danos a audição das crianças, que apresentam dificuldades e alterações no desenvolvimento da linguagem oral. Por não perceberem os sinais de atraso na fala nos dois primeiros anos de vida da criança, os pais só recorrem ao tratamento adequado quando os sintomas são bem mais fortes e podem estar relacionados a outros distúrbios. Diagnósticos equivocados, e costumes de esperar com que as crianças desenvolvam a fala naturalmente, podem causar danos irreparáveis na infância ou acompanhar o indivíduo para o resto de sua vida.

As crianças começam a desenvolver a linguagem no segundo ano de vida. A professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Rita de Cássia Leite avisa que as crianças a partir dos 2 anos que não apresentam essa forma comunicativa merecem atenção especial. “Elas podem estar com alterações de linguagem”.

O atraso da linguagem oral pode estar relacionado a surdez, deficiência mental, comprometimentos neurológicos ou outros fatores chamados de secundários. “Esse transtorno é mais facilmente identificado pela família ou pelo médico, pois apresenta sinais maiores, traços clínicos mais evidentes. São esses que chegam ao consultório mais cedo”, comenta a professora.

Por outro lado, os fatores primários, mais difíceis de serem diagnosticados, são chamados de Alterações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem. “São crianças, em geral, com resultados de exames normais, mas que não conseguem desenvolver a linguagem oral conforme o esperado”, explica Rita de Cássia. Esse distúrbio pode atingir entre 5% a 10% das crianças.

Diagnóstico

A especialista chama a atenção para a necessidade de um diagnóstico até os dois anos de idade. Segundo ela, depois dessa idade, algumas habilidades podem ser mais comprometidas. “O prognóstico favorece uma intervenção terapêutica preventiva, bem planejada, segura e eficiente; evitando outras alterações tardias, como distúrbios de aprendizagem, desvios fonológicos e até mesmo alterações emocionais e sociais”.

Para uma identificação prévia, pediatras e pais devem abandonar as crenças e se atentar aos sinais reais das crianças. “Não devem simplesmente dizer que os meninos começam a falar depois das meninas, ou que irmãos mais novos começam a falar mais tarde em relação aos mais velhos. Esses fatores podem contribuir para uma variação normal, mas eles não deveriam ser usados para explicar o motivo pelo qual uma criança não alcança marcos essenciais”, ressalta a professora.

Orientações

A linguagem se divide em pré-linguística e linguística. A primeira consiste na troca comunicativa por meios não verbais, como o olhar e gestos, e acontece até 10 meses de vida. Já no período linguístico, que ocorre até os 24 meses, as crianças são capazes de formar frases de duas palavras como “mimi não” e “mamãe quero”. Com três anos, os pequenos apresentam vocabulário mais amplo e com mais elementos gramaticais.

Para o bom desenvolvimento da fala e da linguagem, a professora dá as seguintes dicas: “Manter interações comunicativas com seus filhos desde os primeiros meses de vida, falando com entonação diferenciada, ficar atentos aos sinais como gestos e expressões faciais, aproveitar as situações diárias (banho, alimentação) para nomear os objetos e levar as crianças para conhecerem outros ambientes em que terão uma diversificação linguística, como os parques”.


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